Esquizofrenia.

esqui

Sussurros correm ao meu redor.
Em um quarto escuro, gelado, sombrio, eu me perco na negritude de minha própria alma. Cato pó de estrelas pelo chão. Procuro algum brilho ao redor que me fará abrir os olhos e enxergar o mundo à minha volta.
Mas não vejo nada.
Não há luz.
Não existem saídas de emergência e tampouco estradas mal iluminadas que me levem para qualquer lugar. Para qualquer lugar longe daqui.
Só há escuro, só existem os sussurros. E essas vozes continuam em meus ouvidos, arrancando pouco a pouco minha sanidade sem que eu possa agarrá-la  com meus dedos e trazê-la de volta para mim.
Quero pessoas. Quero agora.
É irônico perceber que fugi delas por toda a minha vida , mas agora são tudo o que eu mais preciso.
Quero carinho, necessito de um abrigo. Preciso de braços mornos que tenham a capacidade de envolver meu corpo e tirar todo o desespero sufocante que me impede de aspirar o ar puro necessário ao meu viver.

Agora elas se calam.
As vozes, os sussurros, os lamentos.
Deitada em minha própria cama como um feto, vejo-os pularem a janela, deixando uma trilha de desespero por cada lugar que pisaram.
Elas se calam e eu posso finalmente ouvir o som da minha alma. Posso escutar o pouco de vida que parece restar. De mim, deles. Já não sei, já não sei mais.
Posso escutar o gemido de meu corpo moribundo à espera de uma mão misericordiosa que me traga à vida.
Enquanto não aparece, enquanto não vejo os dedos preciosos ao meu socorro, permaneço aqui, banida, calada, derrotada.
Como sempre foi e sempre será, sigo na espera de uma nova vida surgir à minha frente. Uma vida sem vozes, sem sussurros, sem invasões surpreendentes no meio da madrugada ou gritos ensurdecedores à luz do dia.
Uma vida silenciosa e que jamais seja roubada de mim.
É só o que eu peço, Senhor… É só o que eu peço…

Evelyn Marques
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