Essa não é uma história de terror. Ou talvez seja. Depende de como você a entende. “Uma História Sobre Fantasmas em III Atos” é um conto poético que estará presente num livro que irei lançar em breve. Um livro que fala sobre (muitos) fantasmas, uma caixa de madeira pintada em lilás e uma caçadora do invisível.
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“Cidade do Vento” é um conto inserido no meu livro “Pássaro Azul”. Esse livro é uma reunião de histórias românticas que escrevi na época quando ainda era adolescente/jovem adulta. São contos pequenos, porém que mostram meus primeiros passos como escritora. “Cidade do Vento” é o meu conto preferido desse livro. Espero que venha a ser o seu também.
Não se esqueçam de me seguir lá no Instagram @evelynmarquesescritora, onde eu posto (quase) diariamente os meus projetos e dou avisos para quem acompanha o meu trabalho.
Espero que gostem do vídeo, pois esse deu muito mais trabalho que os outros e me deu uma estressada! ???? Mas é de coração ❤
Sofro de um “transtorno” que costumo chamar de “Síndrome de Hermione Granger”. Eu tenho, creio que desde nova, a mania de querer ser boa em tudo, saber de todos os assuntos, fazer bem todas as coisas e tenho a obsessão de ser reconhecida como inteligente. Só que de uns tempos pra cá eu tenho percebido o quanto isso é nocivo e o quanto também mascara uma profunda sensação de insuficiência dentro de mim. A gente sempre escuta aquela máxima de que perfeição não existe, mas vamos combinar que o mundo não é muito gentil com quem costuma demonstrar seus defeitos. Eu escrevo desde os meus quinze anos, mas sempre adiei colocar minhas palavras do mundo, além do nicho que criei pra mim no Orkut, pois precisa estar “pronta” para fazê-lo. Precisava ser boa o bastante para estar nesse meio literário de gente tão incrível e não podia ficar pra trás. Como consequência, quinze anos se passaram e tirando uns textos e poemas que publicava mensalmente no Sonhos de Letras, me vi com 30 anos e sem publicar nada de fato. Só que o Universo sempre tem aquele seu jeitinho doce como o coice de um cavalo de colocar a gente no devido lugar e acabei me vendo praticamente obrigada a lançar minhas coisas por motivos de 1) atingi o pré-sal do desespero financeiro e 2) os cabelos brancos começaram a me avisar que eu não estava ficando mais jovem, muito pelo contrário. O tempo passa e passa rápido demais, mesmo quando à nossa frente nada parece estar se movendo. A gente só tem uma vida (e olha que acredito em reencarnação, but still) e se não realizarmos nossos sonhos agora, quando iremos fazê-lo? Este ano estou trabalhando 100% em divulgar minhas coisas e criando projetos que nunca pensei ser capaz. Fala pra Evelyn de 2019 que um dia ela vai ter um canal no YouTube e com certeza ela irá rir na sua cara e te mandar pro psiquiatra. Mas é isso, 2023 chegou e eu tenho um canal no YouTube, apesar do medo do fracasso, apesar de fazer tudo sozinha e com minha experiência autodidata de edição de vídeos, eu tenho um canal no YouTube. E sinceramente? Acho isso incrível! Não pelo meu trabalho ser excepcional – minha síndrome jamais me permite achar qualquer coisa minha excepcional – mas por estar desafiando meu perfeccionismo e estar colocando meu trabalho no mundo, mesmo ele sendo bem imperfeito. Olhar pra isso me permite ver que é melhor estar fazendo alguma coisa, ainda que com tropeços e cheio de defeitos, do que passar quinze anos em busca de uma perfeição que nunca vai chegar. Quem tem boas condições financeiras pode ter o privilégio de criar uma equipe de especialistas que irão ajudar a aparar as arestas de um determinado trabalho e pode ser que esse trabalho chegue perto da perfeição. Mas como esse não é o meu caso e tudo o que vocês veem tanto no Instagram, como no Sonhos de Letras, como no YouTube é 100% feito por mim, é impossível não deixar passar alguns (muitos!) erros e, apesar de sentir uma faca girar em meu estômago cada vez que encontro algum tipo de equívoco no meu trabalho (e eu encontro toda hora!), preciso lembrar que não sou Hermione Granger e que até mesmo ela tinha suas imperfeições. Fazendo tanta coisa ao mesmo tempo é impossível não deixar passar nada. E só me resta aceitar e seguir caminhando com o trabalho que eu acredito que tenho para mostrar ao mundo e que espero, do fundo do meu coração, que um dia faça a diferença na vida de alguém. Obrigada ao guerreiro que leu esse texto até aqui num mundo onde um parágrafo virou textão, mas eu só funciono assim. E sigo aqui, tentando trazer o melhor de mim para vocês, mesmo sabendo que esse melhor podia ser beeeeem melhor. (Ainda bem que amanhã tenho terapia rs!)
Eu tive um sonho. O mais belo de todos. O mais estranho de todos. Mas principalmente, o mais verdadeiro de todos. Andava por uma longa estrada, sem caminho e sem rumo, parecia que eu estava em busca de algo, ainda que não soubesse certamente o quê. Uma leve brisa soprava meus cabelos, empurrando-os para frente. Era como se o vento estivesse me dizendo para continuar nos momentos em que eu tinha vontade de desistir. Estava sendo empurrado, guiado para algum lugar. Para alguém. E então, escutei uma voz. Um sussurro. Era como se o vento estivesse falando comigo. Era como se o vento estivesse me chamando. Assim que abri os olhos ao despertar, decidi seguir esse vento. Há sonhos que não são simplesmente sonhos e sim algum aviso para mudarmos nossa forma de ser ou de viver. E estava na hora de pegar a estrada. A estrada da qual havia sonhado. E deixar que o vento me guiasse. Com uma mochila nas costas e sem esquecer das pessoas que estava deixando para trás, dei o primeiro passo para sair de casa. Estava em busca de algum maravilhoso mundo novo ou de alguma nova canção para minha vida tocar. A verdade é que eu estava em busca da vida. E só poderia encontrá-la se fosse atrás do movimento. Um convite bate à nossa porta todos os dias. Um convite invisível, talvez também incompreensível, mas que está ali. Porém as pessoas não veem, viram a cara, têm medo. Elas não querem sair da rotina. Porque o desconhecido é um terreno bastante perigoso. Eu atendi ao convite da vida. E estava à procura da felicidade. Durante o caminho encontrei muitas pedras. Enfrentei muitas tempestades, passei fome e sede. Lutei contra dragões perigosos e andei sobre o mar. Saltei até segurar uma nuvem em minhas mãos e, ao prová-la, vi que era mesmo feita de algodão doce. Cumprimentei fadas, lutei ao lado dos elfos e ajudei aos duendes reestruturarem uma floresta destruída pelo fogo da ganância e do poder. Andei mais por vários dias. Em uma noite de exaustão e desânimo, me deitei sob as estrelas, pensando que tudo tinha sido em vão. Por que eu, aquele típico ser humano que está sempre querendo mais do que pode ter, ainda não estava satisfeito? Por um momento a razão falou mais alto e pensei que talvez fosse uma completa loucura largar a minha vida para buscar algo que eu nem mesmo sabia o que podia ser. E entre pensamentos abatidos e desesperançosos, adormeci. Sonhei com anjos. As nuvens – que eram mesmo de algodão doce – estavam repletas deles, vestidos com suas túnicas brancas e abençoados com as auréolas em suas cabeças. Todos me observavam, enquanto eu seguia deitado na relva, encarando todo aquele público que me olhava. De repente o menor dos anjos saiu detrás das nuvens, com algo em sua mão. Era uma criança, que descia dos céus para me dar um presente. Eu não conseguia me mover. Estava entorpecido por toda aquela áurea angelical. A menina loira e de cabelos cacheados colocou algo entre minhas mãos. Mas era invisível. Ela meu deu um beijo e me disse: “Siga a rosa branca”. E então partiu. E eu acordei. O vento soprou no instante em que abri meus olhos. O vento outra vez. Ele me passava as mensagens, ele me impulsionava a continuar. Peguei novamente minha mochila e reconstruí os sonhos e as esperanças. Se eu já havia percorrido tanto, deveria ter algum propósito. Ninguém recebe tantos sinais se não for para segui-los. E eu seguiria o meu destino. Parei de contar os dias, as horas, os minutos, pois tudo isso atrasa a vida. Deixei o sopro do vento me conduzir para o caminho certo, acompanhei seu rumo e prossegui sem medo. O que interrompe a estrada de alguém não são as tempestades ferozes ou o sol escaldante. É simplesmente o medo. E eu fiz questão de mantê-lo bem longe de mim. Uma canção de amor sussurrava em minha mente quando pisei no primeiro paralelepípedo. Só então notei que a estrada arenosa havia acabado e que havia chegado a algum lugar. Levantei meu rosto e pude ver uma cidade à minha frente, com um arco-íris circundando-a devido à leve chuva que havia caído junto com o sol que escalava o azul do céu aos poucos.
“Seja bem-vindo à Cidade do Vento”
A inscrição na placa de madeira fixa na entrada fez meu coração saltar. Eu tinha seguido o vento. E ele havia me trazido até aqui. Como mágica, o vento começou a soprar em minhas costas e eu avistei, na primeira casa onde minha visão conseguia alcançar, uma mulher sentada em um pequeno banco. Meus olhos não conseguiram desviar para outro lado e percebi quando ela me avistou também. Mesmo de longe, pude ver um lindo sorriso se abrir em seu rosto. Ela veio caminhando até a mim, com seus cabelos balançando pelos ares e, quando se aproximou, vi que tinha algo em sua mão: uma rosa branca. Naquele momento meu peito encheu-se de um ar mais puro, de uma felicidade indescritível. Nunca a tinha visto em minha vida. Mas a conhecia de muito antes.
— Estás aqui. Finalmente. – disse com a voz baixinha, quase como num sussurro, e sorriu em seguida. — Estava esperando por mim? – indaguei. — Você não faz ideia de quanto tempo te esperei. — E você não faz ideia do que eu fiz para te achar.
E então ela segurou minha mão como se não pretendesse mais soltá-la. Mesmo não tendo se apresentado, eu a conhecia. Porque não são necessários nomes para identificar alguém. Mesmo que se passem vidas ou eras, quando se trata de um reencontro, a gente sempre sabe. E sentindo seus dedos se entrelaçarem aos meus, me conduzindo para dentro da Cidade do Vento, percebi, com um enorme alívio e conforto no peito, que havia conseguido alcançar meu objetivo. Tinha encontrado o meu lugar. Finalmente. Eu estava em casa…
Numa manhã de primavera, um girassol abriu-se em flor pela primeira vez. Quando os primeiros raios do sol tocaram suas pétalas, apaixonou-se. A luz atravessou suas folhas, passou pelo caule, até tocar a raiz e fez com que o pequeno girassol transbordasse de amor em cada pedaço de sua existência. Era recém-chegado à vida, mas o girassol já sabia que havia nascido, que fora criado para amar o sol e para sempre ser-lhe fiel. Não havia outras flores ao redor. Era uma flor solitária que tinha florescido em um vasto campo verde com vista para a montanha. “Assim seria melhor”, ele pensou. Dessa forma poderia amar sozinho o sol e ser amado por ele, sem que nenhuma outra flor entrasse no caminho para competir. Durante todo o dia o girassol sentiu-se feliz para sempre. Seria eterno enquanto o sol existisse. O sol insistia em mudar de lugar, movimentando-se da direita para a esquerda lentamente, afastando-se cada vez mais da flor apaixonada. Mas o girassol, insistente, seguia seu rastro movendo também seu centro da direita para a esquerda, sem deixar o amado sair de vista. Entretanto, apesar das tentativas, o sol parecia escapar-lhe cada vez mais, indo em direção à montanha. Então, foi desaparecendo de pouquinho em pouquinho, até deixar somente um rastro de luz amarelada que contornava a imperiosa montanha. A brisa gelada trouxe consigo o crepúsculo. O girassol, agora doído e desesperado, não podia mais seguir o sol. Sua luz havia desaparecido por detrás da montanha e era impossível correr até o outro lado para ver onde o seu amado havia se escondido. O girassol tentou falar, pedir para que o sol ficasse, para que não o deixasse… mas não tinha voz. Era uma planta inútil, presa à terra, alma solitária em um terreno intocado por mãos humanas. O sol era sua única esperança de vida. Se o sol não estava ali, não poderia mais existir. A noite apareceu por completo quando toda a luz do sol foi substituída pelo brilho das estrelas. O girassol, triste e desolado, curvou-se, encarando a terra que o aprisionava. Seu corpo não era mais preenchido de luz, de calor, de nada. Era uma flor vazia, sem propósito de existência, sem ter para quem mirar o seu centro. A tristeza do girassol arrebentou-lhe, enfraqueceu-lhe as pétalas, que caíam uma por uma sobre o campo verde, que assistia ao desespero da enamorada flor sem nada poder fazer. Durante toda a madrugada, o girassol foi definhando aos poucos, desprendendo-se de si mesmo, desprendendo-se da vida. A cruel solidão da noite o desmanchou em fragmentos com suas mãos frias e impiedosas. Olhando uma última vez para a montanha que escondeu o seu amado para sempre, o girassol deixou-se terminar pela escuridão que o devorou. O vento veio recolher os seus restos e os levou pelos ares, carregando sua alma em direção ao desconhecido. Agora, sobre o vasto campo verde em uma madrugada de primavera, não havia mais nenhuma flor. Quando o sol voltou a nascer na manhã seguinte, pronto para ser adorado pelo girassol apaixonado, ele não estava mais ali para recebê-lo.
O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira que busca a prevenção ao suicídio e também procura a estimular o debate sobre saúde mental no país. Saúde mental é um tema que me toca pessoalmente e o texto do vídeo de hoje foi retirado do meu romance intitulado “Need”. Na história, minha personagem Lois Morrison luta contra a depressão e o alcoolismo, e mantém um blog onde ela escreve sobre suas dores e desafios na luta contra os fantasmas da própria cabeça.
Espero que esse texto faça você pensar um pouco mais sobre como tem tratado a si mesmo (a) . Cuide-se da mesma forma com que você cuidaria de uma criança que ainda está começando a dar os primeiros passos no mundo. Se você seria incapaz de machucar um ser inocente, então não faça o mesmo com você. Procure ajuda!
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