Sinais de Trânsito.

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As pessoas andam sem parar. Buzinas, vozes, discussões…
Eu estou ali, sobre o meio-fio, com a cabeça atormentada, observando os gigantes arranha-céus frente à mim.
O tempo parece se movimentar mais rapidamente para os outros. Os ponteiros do relógio da vida giram e giram sem parar, no seu constante tic-tac.
Para elas, os minutos parecem segundos. Para mim… os segundos parecem anos.
Seus rostos estão borrados, tamanha a velocidade com que andam. Os carros atravessam os sinais com a mesma rapidez que um foguete. No semáforo, as 3 luzes estão acesas. PARE. CUIDADO. SIGA. Mas eu continuo parada no meio-fio, perdida. Grito por ajuda, mas as pessoas estão com muita pressa para pararem e virem ao meu socorro.
Sento-me sobre o chão de concreto, sabendo que tenho que atravessar aquela rua. O sol está à pino, ainda que encoberto por algumas nuvens. Mas por dentro o meu corpo treme de frio. O medo se mistura com a desesperança que, por sua vez, traz de brinde a solidão.
Aqueles carros me assustam. Entretanto há algo que me impulsiona a seguir. Tenho que atravessar, não posso ficar eternamente parada ali.
A dor continua a apertar meu peito e parece nunca ter fim. Então eu levanto e chego à conclusão que se morrer não vai fazer diferença.
Fecho os olhos e dou o primeiro passo. E de repente, quando dou por mim, já estou do outro lado. Olho para trás e percebo que consegui atravessar. Abro um sorriso e penso que finalmente vou ter paz. Mas isso não dura muito.
É só olhar para a frente que vejo mais uma rua para atravessar. E o pesadelo começa outra vez.
Mesmas pessoas. Mesmos carros andando na velocidade da luz. Mesmo semáforo aceso.
Parece que quanto mais eu ando e tento enfrentar meus medos, ele seguem ali, me assombrando como fantasmas.
Será esse um indício de que o pesadelo nunca irá acabar?

Escrito em 16/04/09 – Baseado em um sonho meu.

Evelyn Marques
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