
O mar guarda todos os meus segredos. Sempre que me vejo destroçada — pela vida, pela família, por um homem —, eu corro em direção ao mar em busca de consolo. É ele que guarda minhas lágrimas, é só ele quem eu permito me ver chorar.
É com o mar que me encontro, que me reconecto, que me reconstruo. O mar é meu templo, minha igreja, minha Medina. É através de sua beleza que consigo entender Deus e me sinto parte de algo maior.
Estou me preparando para viver em uma cidade sem mar, mas admito, ele ainda me segura aqui. Entretanto, uma hora será preciso partir. A verdade é que não importa o quanto eu ame o mar, eu jamais poderei pertencer a ele de verdade. E se tem algo que descobri nessa vida é que mereço amores concretos. Eu não nasci para amar à distância.
Mas não importa para onde eu vá, eu sempre volto pra ele. Há muitas vidas eu sempre volto.
Posso girar o mundo, trocar de pele, subir montanhas, falar outras línguas, conhecer lugares e pessoas que vão expandir ainda mais essa minha enorme capacidade de amar, mas para o mar eu vou voltar. A gente sempre se acha, a gente sempre se encontra, mesmo sem querer, mesmo sem planejar.
Não importa para onde eu vá, de uma forma ou de outra, eu sei que terminarei ao lado do mar.
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