Para Algum Lugar Além do Arco-Íris.

rainbow

Mais uma noite de ventania e eu continuo aqui, querendo companhia. A sua. Somente a sua.
É incrível como essa necessidade surge repentinamente apenas com o barulho do mundo voando lá fora. Não há seus braços para me protegerem do ar frio e nem sua voz cantando ao pé do meu ouvido.
Só há chuva, vento e vazio.
Galhos batem à minha janela, pedindo para entrar. Pedem abrigo, pedem um lugar escuro e seguro para poderem sossegar.
Às vezes desejo que o vento me leve para algum lugar além do arco-íris, para um lugar a qual pertença. Como Dorothy arrastada por um tornado até a terra mágica de Oz, preciso voar através do tempo, invadir uma nova cidade, criar uma vida cheia de novidades, pois só assim irei esquecer toda a história que restou de nós.
Quero pisar em terras que nunca estive.
Quero matar saudades de pessoas que nunca conheci.
Preciso criar novas memórias, novos cenários, criar um novo mundo do qual você não pertença. Do qual você nunca tenha existido.
Preciso fazer de uma terra fictícia a minha realidade para só assim poder esquecer dessas saudades, dessa necessidade de ter aqui presente, mesmo que pareça impossível.
Mas não posso, é irreversível!
Sigo vendo sua sombra em minhas paredes, como se nunca estivesse saído daqui. Aperto os olhos, preciso dormir, mas sua voz parece se misturar com o sopro do vento, adentrando meus ouvidos, fazendo de toda esta noite um verdadeiro tormento. O seu espaço ao lado de minha cama ainda segue intocado, clamando para que você coloque seu peso novamente sobre o colchão e que nunca pense, jamais pense, em outra vez sair.
Não é justo! Você se foi, mas ainda está aqui. E ao mesmo tempo não está. E eu não sei, oh Deus, não sei por quanto tempo mais irei aguentar!
Não tenho para onde fugir e a tempestade lá fora continua a me afligir. Ponho as mãos sobre o rosto e peço: “Me leve, vento… me leve para longe daqui!”. Então abro os olhos e percebo que sequer me mexi.
Que decepção!
Sigo sem você, sem paz e sem arco-íris.
“Não há lugar como o nosso lar”. É o que Dorothy diz no final.
Mas sinceramente, este é o último lugar onde desejo estar.

Evelyn Marques

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