O Poema Que Não Deu Certo

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Você é aquele poema que não deu certo.
É aquela folha rabiscada e entupida de palavras que falam muito, mas não dizem nada.
É um conjunto de folhas e mais folhas rasgadas e desperdiçadas sobre uma mesa bagunçada, sem nenhuma salvação.

Você é aquele poema que não deu certo.
A ideia de algo tão bonito, tão concreto.
A certeza de rimas perdidas; incertas.
E não foi por falta de tentativas.
Não foi por falta de ritmo, métrica ou adjetivos.
Minhas palavras bem que tentaram escrever uma bonita história.
Bem que tentaram num papel guardar para sempre sua linda memória.
Mas elas têm vida própria.
Não conseguem mentir, por mais que eu tente.
Não me permitem seguir, por mais que eu lamente.
Você não deu certo no papel e, na vida, não foi diferente.

Você é aquele poema que não deu certo.
Pelo menos pra mim.
Foi apenas uma sucessão de palavras que chegou a um triste e despedaçado fim.
Mas e eu?
O que eu fui?
O que eu fui pra você?
Uma crônica, um conto, um essay?
Ai, ai, ai… Eu realmente não sei!
E acho que nem quero saber.

Eu lutei, lutei e lutei.
Mas durante meses a fio nada logrei.
Alcei a bandeira branca e fui obrigada a desistir.
Porque quando não é pra dar certo, não há motivos para insistir.
O que fazer? O que dizer?
Você e o poema não deram certo.
Foram esboços que me vi obrigada a destruir.
Duas coisas magníficas a partir.
Um rascunho que agora já deixou de existir.

Evelyn Marques
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