13 Frases Para Aquecer O Coração De Um Aspirante A Escritor.

Quem está iniciando a carreira de escritor – ou está na estrada já há um tempo mas não saiu muito do lugar – sabe o quanto pode ser desesperador uma tela em branco e um monte de vozes em sua cabeça lhe dizendo o quanto você não vai conseguir ou o quanto você não é bom o bastante (acontece comigo todo o tempo). Pode ser muito complicado acreditar em si mesmo ou no seu trabalho quando você ainda se sente muito imaturo e cru para um mundo que parece ser tão cheio de gente talentosa e com uma autoconfiança de dar inveja.
Todos os escritores, por melhores que possam parecer, passam por momentos de insegurança e instabilidade criativa. Muitos tiram dessas experiências ótimos e reconfortantes conselhos para quem está começando ou para aqueles que ficam aterrorizados com uma folha em branco.
Aqui estão alguns deles:

1 – “É importante saber o titulo antes de começar – então você saberá sobre o que está escrevendo.” – Nadine Gordimer

2 – “Uma história deve ter um começo, um meio e um fim, mas não necessariamente nesta ordem.” – Jean-Luc Godard

3 – “Nada do que você escrever, se você espera ser minimamente bom, sairá como você esperava.” – Lillian Hellman

4 – “Não tenha medo de ser conciso.” – Susan Sontag

5 – “Nada te impedirá de ser criativo tão efetivamente como o medo de cometer um erro.” – John Cleese

6 – “A poesia é a linguagem mais forte que temos.” – Maya Angelou

7 – “A coisa mais fácil de se fazer no mundo é não escrever.” – William Goldman

8 – “Escreva para o seu medo.” – Dorothy Allison

9 – “Escreva o seu livro agora, o mundo espera.” – Dave Eggers

10 – “Você quer ser um escritor? Um escritor é alguém que escreve todos os dias – então comece a escrever.” – Shonda Rhimes

11 – “Se a sua fidelidade ao perfeccionismo é alta demais, você nunca fará nada.” – David Foster Wallace

12 – “Proteja o tempo e o espaço em que você escreve. Mantenha todo mundo longe, até mesmo as pessoas mais importantes pra você.” – Zadie Smith

13 – “Leia selvagemente… e às vezes, enquanto imerso na multidão de vozes de outros, você poderá encontrar sua própria voz.” – Chimamanda ngozi Adichie

Todas as frases foram retiradas da internet e traduzidas por mim.

Meus 7 Livros Preferidos De 2016!

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Li um pouco mais de 50 livros em 2016 e posso dizer que fiz ótimas leituras. Conheci autores novos, passei a amar mais ainda autores conhecidos e fui apresentada à novos conhecimentos e ideias que enriqueceram minha vida e mudaram minha maneira de pensar.
Escolhi sete livros que foram muito especiais para mim neste ano para ilustrar este penúltimo poste do Sonhos de Letras de 2016.
Eles são:

1) O Zen e a Arte da Escrita – Ray Bradbury

Neste livro o escritor americano apresenta ótimas dicas e hábitos a escritores iniciantes (aliás, foi por causa deste livro que comecei o projeto #52contos que, vergonhosamente, ainda não terminei, apesar de já ter passado o período de um ano… mas sigamos em frente, em 2017 eu termino!). Mais do que uma lista do que um jovem escritor deve ou não fazer, “O Zen E A Arte Da Escrita” é uma injeção de ânimo para os que estão a ponto de desistir de entrar para o mundo literário. Bradbury nos mostra que até os maiores escritores tem seus defeitos, que ninguém nasce sendo um ótimo escritor (bem, talvez Victor Hugo seja uma exceção, mas enfim…) e que só atingiremos excelência se praticarmos nosso ofício todos os dias e que, para isso, temos que enfrentar nossos piores rascunhos.
É livro indispensável a todos que querem realmente seguirem a profissão pelo amor à escrita.

2) Poemas Místicos – Rumi

Rumi foi um poeta sufista, nascido no século XIII na região que hoje é conhecida como o Afeganistão.
Fui atrás do livro pois já tinha lido alguns poemas de Rumi pela internet e porque também queria conhecer mais uma religião que sempre me pareceu fascinante.
“Poemas Místicos” acalmou minha mente, me apresentou novas maneiras de olhar a vida e meu semelhante, e me apresentou a uma religião que tem a arte como base fundamental para se chegar a Deus. Ao final deste livro eu só tinha um sorriso no rosto e uma paz inexplicável dentro de mim.
É um livro mágico, com certeza.

3) A Mulher Calada – Janet Malcolm

Em “A Mulher Calada”, Janet Malcolm faz muito mais do que uma das milhares de biografias da poetisa americana Sylvia Plath. Ela não só conta a vida de Sylvia e de seu casamento conturbado com Ted Hughes, como também escreve sobre o relacionamento que manteve com a família Hughes durante o processo de preparação para a biografia de Sylvia. Janet tem uma escrita envolvente, que faz o leitor pensar que está lendo um romance e não uma biografia. Ela nos deixa loucos para saber o final, por mais que todos que conhecem minimamente Sylvia Plath estejam cientes do final de sua triste história.
O que mais gostei neste livro foi o fato da autora nos apresentar um Ted Hughes e uma Sylvia Plath humanos. Sylvia e Ted trocavam papéis de vítima e algoz numa relação doentia para ambos, o que desmistifica a imagem que fazem de Sylvia como o pobre cordeiro comido pelo leão. No fim, uma relacionamento pertence apenas a duas pessoas e apenas elas sabem o que passou e como se sentiram. Não cabe ao mundo santificar Sylvia e demonizar Ted. Não cabe a nenhum de nós sentenciar outros por algo que apenas podemos imaginar.
Livro indicadíssimo a todos os juízes de plantão que pensam saber mais sobre a vida de terceiros do que eles mesmos.

4) Cartas A Um Jovem Poeta – Rainer Maria Rilke

Comecei esse livro pensando que era sobre dicas de escrita e poesia à um jovem poeta, como diz claramente o titulo do livro. As cartas de Rainer Maria Rilke são de fato o que o titulo propõe, mas vão muito, muito além disso! Posso seguramente dizer que este livro foi um dos responsáveis por mudar minha visão de mundo neste ano e que sou uma pessoa melhor porque o li.
“Cartas A Um Jovem Poeta” é um chamado para a vida, um abraço para jovens corações perdidos que ainda não sabem pra onde estão indo e uma força para que levantemos da cama e sigamos em frente, mesmo sem destino, mesmo ainda sem sonhos ou perspectivas.
Leitura mais do que necessária a todos os jovens que ainda não se encontraram no mundo.

5) O Caçador de Histórias – Eduardo Galeano

Eduardo Galeano sempre entrará para qualquer lista de livros favoritos de minha vida.
Em “O Caçador de Histórias”, livro lançado postumamente, Galeano nos mostra porque é mesmo um caçador de histórias. Ele possui um dom que raramente se encontra nos dias de hoje, que é simplesmente ouvir. Galeano conta em seus livros histórias de povos, lendas, mitos e sobre pessoas que não entraram para os livros de História, mas que tiveram uma vida admirável e inspiradora . Este último livro encerra o ciclo desta admirável pessoa que nos abriu portas a tantos conhecimentos e nos aproximou de culturas longínquas. Quando a última página é virada, encontramos o silêncio e o vazio que a ideia da falta de Galeano neste mundo nos provoca. Só nos resta buscar suas palavras em livros passados e ainda bem que existem muitos deles para serem lidos.
Destaque também para a introdução emocionante de Eric Nepomuceno, tradutor e amigo de longa data do escritor uruguaio.

6) O Povo Brasileiro – Darcy Ribeiro

Quando encontrei este livro perdido na casa de minha avó, jamais imaginei que viria a se tornar um dos livros mais importantes de minha vida. O resgatei de uma bolsa que iria para doação porque queria algo para ler no ônibus e já nas primeiras páginas fui envolvida pelas palavras deste grande brasileiro que fez tanto por nosso país.
“O Povo Brasileiro” é indicadíssimo para todos aqueles que não gostam ou não morrem de amores pelo Brasil. Após uma pesquisa que durou mais de vinte anos, Darcy nos apresenta a visão do índio, do negro e dos povos que aqui se criaram após a colonização portuguesa, uma visão que com certeza você não viu na escola.  Misturando dados históricos com uma escrita apaixonada, o autor nos arrasta pela História do Brasil para fazer entender como chegamos até aqui, no meio de tanta riqueza para poucos e tanta pobreza para muitos. E apesar de todo o sofrimento e injustiça que sofremos desde que os portugueses aqui pisaram reclamando esta terra como sua, ainda conseguimos criar uma nação maravilhosa, apesar de bastante imperfeita.
Passei a enxergar nossa história e nossa gente com muito mais amor após este livro e se antes sonhava com uma vida em outro país, agora não sonho mais. Esta terra é muito especial e há muito trabalho ainda a ser feito por aqui. Sejamos todos Darcy Ribeiro e lutemos pela melhor parte de nosso Brasil.

7) A Condessa Cega e a Máquina de Escrever – Carey Wallace

Ainda não consigo superar este livro. Não sei quantos meses fazem desde que terminei de lê-lo e que fiz a resenha, mas a verdade é que ainda me pego pensando em Carolina e Turri e segurando minha vontade de reler tudo.
Uma condessa cega e um rapaz completamente inteligente e maluco, quem poderia imaginar? Numa época em que só se veem os mesmos tipos de histórias de amor sendo lançadas a um ritmo frenético e enjoativo, a história de Carey Wallace veio para mim como um suspiro. Sentia muita falta de ler uma história de amor que tivesse significado, que fosse bem tratada, e que não parecesse uma receita de bolo para chegar ao número 1 de qualquer lista de Best-Sellers.
É verdade, o final é um pouco decepcionante (dependendo de como você interpreta o livro!) e talvez Carolina e Turri merecessem algo melhor, mas se é o caminho que importa e não o final, então o livro é perfeito.
Talvez o meu livro preferido de 2016…

5 Conselhos de Rainer Maria Rilke Para Jovens Escritores

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“Cartas A Um Jovem Poeta” é um livro muito amado entre grandes escritores. Em sua carta ao  então jovem poeta alemão Franz Xaver Kappus, Rainer Maria Rilke oferece não apenas conselhos preciosos para quem quer se tornar poeta ou escritor, mas também conselhos para a vida, que ajuda a acalmar um coração jovem, inseguro e desesperado por respostas prontas à duvidas angustiantes.
Nosso grande poeta Manuel Bandeira, em entrevista a Homero Senna no livro “República das Letras”, disse que costumava recomendar o livro de Maria Rilke aos jovens poetas que iam até ele em busca de uma opinião experiente sobre sua própria poesia.
Após a leitura do livro compreendi porque esta pequena obra é sempre tão citada como essencial no meio literário. Vale a pena cada linha, seja você um aspirante das letras ou não.
Aqui estão meus cinco trechos favoritos:

1. “Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto, acima de tudo, pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: ‘Sou mesmo forçado a escrever?’. Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples ‘sou’, então construa sua vida de acordo com essa necessidade.”

2. “Relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza – relate tudo isto com intima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre na infância, essa esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela.”

3. “Leia o menos possível trabalhos de estética e crítica. Ou são opiniões partidárias petrificadas e tornadas sem sentido em sua rigidez morta, ou hábeis jogos de palavras inspirados hoje numa opinião, amanhã noutra.”

4. “Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranqüila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir. Mas virá só para os pacientes, que aguardam num grande silêncio intrépido, como se diante deles estivesse a eternidade. Aprendo-o diariamente, no meio de dores a que sou agradecido: a paciência é tudo.”

5. Não busque por enquanto respostas que não podem ser dadas, porque não as poderia viver. Pois trata-se precisamente de viver tudo. Viva por enquanto as perguntas. Talvez depois, aos poucos, sem que o perceba, num dia longínquo, consiga viver a resposta.

E um conselho extra, que serve não só para escritores, como para qualquer ser humano:

“Como esquecer os mitos antigos que se encontram no começo de cada povo: os dos dragões que num momento supremo se transformam em princesas? Talvez todos os dragões de nossa vida sejam princesas que aguardam apenas o momento de nos ver um dia belos e corajosos. Talvez todo o horror, em ultima análise, não passe de um desamparo que implora o nosso auxílio.”

Meus 9 Trechos Favoritos Do Livro “E Se Obama Fosse Africano”, De Mia Couto.

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Mia Couto é um dos mais importantes escritores de Moçambique. Ele é conhecido pelos seus incríveis romances, contos e poesias. Mas no livro “E Se Obama Fosse Africano”, uma coletânea de palestras que proferiu em diversos lugares do mundo, Mia também se mostra espetacular como um pensador contemporâneo. Suas visões sobre política, desigualdades sociais e raciais, cultura e literatura deixam qualquer leitor, seja este fã ou apenas um novo conhecedor de seu trabalho, maravilhado com as ideias do escritor.
Foi muito difícil escolher apenas nove trechos – uma vez que eu marquei o livro quase todo – mas aqui estão os que, para mim, tiveram mais importância:

1)    “O único segredo, a única sabedoria é sermos verdadeiros, não termos medo de partilhar publicamente as nossas fragilidades.”

2)    “Estamos dispostos a denunciar injustiças quando são cometidas contra a nossa pessoa, o nosso grupo, a nossa etnia, a nossa religião. Estamos menos dispostos quando a injustiça é praticada contra os ‘outros’.”

3)    “Fala-se muito dos jovens. Fala-se pouco com os jovens. Ou melhor, fala-se com eles quando se convertem num problema. A juventude vive essa condição ambígua, dançando entre a visão romantizada (ela é a seiva da Nação) e uma condição maligna, um ninho de riscos e preocupações (a Sida, a droga, o desemprego).”

4)    “A escola é um meio para querermos o que não temos. A vida, depois, ensina-nos a termos aquilo que não queremos. Entre a escola e a vida resta-nos sermos verdadeiros e confessar aos mais jovens que nós também não sabemos e que, nós, professores e pais, também estamos à procura de respostas.”

5)    “A verdade é que nós somos sempre não uma mas várias pessoas e deveria ser norma que a nossa assinatura acabasse sempre por não conferir. Todos nós convivemos com diversos eu, diversas pessoas reclamando a nossa identidade. O segredo é permitir que as escolhas que a vida nos impõe não nos obriguem a matar a nossa diversidade interior. O melhor nesta vida é poder escolher, mas o mais triste é ter mesmo que escolher.”

6)    “Quanto mais pobre é um país maior é a capacidade de se destruir a si mesmo.”

7)    “A cilada maior é acreditarmos que as armadilhas estão sempre fora de nós, num mundo que temos por cruel e desumano. Ora, por mais que nos custe, nós somos também esse mundo. E as armadilhas que pensávamos exteriores residem profundamente dentro de nós. Quebrar as armadilhas do mundo é, antes de mais, quebrar o mundo de armadilhas em que se converteu nosso próprio olhar.”

8)    “Tenho escrito repetidamente que o nosso maior inimigo somos nós mesmos. O adversário do nosso progresso esta dentro de cada um de nós, mora na nossa atitude, vive no nosso pensamento.”

9)    “Cada um de nós corre o risco de ficar sepultado no seu próprio passado. Todos temos de resistir para não ficarmos aprisionados numa memória simplificada que é o retrato que outros fizeram de nós. Todos trazemos escrito um livro e esse texto quer-se impor como nossa nascente e como nosso destino. Se existe uma guerra em cada um de nós é a de nos opormos a este fardo de estarmos condenados a uma única e previsível narrativa.”

Bônus: “Um país em que as mulheres só podem ser a sua metade está condenado a ter apenas metade do seu futuro.”

Meus 9 Trechos Favoritos De “O Sol E O Peixe”, De Virginia Woolf

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“O Sol E O Peixe”, da escritora inglesa Virginia Woolf, foi lançado no ano passado pela editora Autêntica. O livro reúne alguns dos textos mais brilhantes e poéticos que Virginia já escreveu.
Como tudo o que Virginia escreve, os textos me tocaram, provocaram-me grandes reflexões acerca dos variados assuntos abordados no livro e me ensinaram muitas coisas sobre a arte da escrita.
Aqui compartilho com vocês os 9 trechos que marcaram esta maravilhosa leitura:

1 – “Pois, para além da dificuldade de comunicar aquilo que se é, há a suprema dificuldade de ser aquilo que se é. Esta alma, ou a vida dentro de nós, não combina absolutamente com a vida fora de nós.”

2 – “Conforme-se uma vez, faça uma vez o que outras pessoas fazem porque elas o fazem, e uma letargia toma conta, lentamente, de todos os nervos e todas as capacidades mais delicadas da alma. Ela se torna toda espetáculo e vazio exterior; embotada, insensível e indiferente.”

3 – “Deixemo-nos fervilhar sobre o nosso incalculável caldeirão, nossa enfeitiçadora confusão, nossa miscelânea de impulsos, nosso perpétuo milagre – pois a alma vomita maravilhas a cada segundo.”

4 – “ Ler o que a gente gostava porque gostava, nunca para fazer de conta que admirava o que a gente não admirava – esta era a sua única lição sobre a arte da leitura. Escrever com o mínimo possível de palavras, tão claramente quanto possível, exatamente o que se queria dizer – esta era sua única lição sobre a arte da escrita.”

5 – “Quando o dia do juízo final chegar e todos os segredos forem revelados, não devemos ficar surpresos ao saber que a razão pela qual evoluímos do macaco ao homem, e deixamos nossas cavernas e depusemos nossos arcos e flechas e sentamos ao redor do fogo e conversamos e demos aos pobres e ajudamos os doentes, a razão pela qual construímos, partindo da aridez do deserto e dos emaranhados da floresta, abrigos e sociedades, é simplesmente esta: nós desenvolvemos a paixão da leitura.”

6 – “Livros usados são livros à solta, livros sem teto; eles se juntaram em vastos bandos de plumagem mesclada, e têm um encanto que os livros da biblioteca não têm. Além disso, nessa aleatória e heterogênea companhia, podemos dar de cara com algum completo estranho que, com sorte, se tornará o melhor amigo que temos no mundo.”

7 – “Não conhecemos a nossa própria alma e muito menos a dos outros. Os seres humanos não vão de mãos dadas por toda a extensão do caminho. Há, em cada um de nós, uma floresta virgem, emaranhada, inexplorada; um campo nevado onde não se veem nem pegadas de pássaros.”

8 – “Podemos com certeza dizer que um escritor cuja escrita apela principalmente ao olho é um mau escritor; que se, ao narrar, digamos, um encontro num jardim, ele descreve rosas, lírios, cravos e sombras na grama, de maneira que possamos vê-los, mas deixa que deles se infiram ideias, motivos, impulsos e emoções, é porque ele é incapaz de usar seu meio para os propósitos para os quais ele foi criado e, como escritor, um homem sem pernas.”

9 – “Nada existe desnecessariamente. Os próprios peixes parecem ter sido moldados deliberadamente e ter escapulido para o mundo apenas para serem eles mesmos. Não trabalham nem choram. Na sua forma está sua razão. Pois para que outro propósito, a não ser o suficiente de uma perfeita existência, podem eles ter sido assim feitos, alguns tão redondos, outros tão finos, alguns com barbatanas radiantes no dorso, alguns blindados por uma carapaça azul, alguns dotados de garras prodigiosas, alguns escandalosamente orlados com bigodes enormes? Empregou-se mais cuidado com uma meia dúzia de peixes do que com as raças da humanidade.”

3 Poemas De Manoel De Barros, Do Livro “Ensaios Fotográficos”.

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O Vento.

Queria transformar o vento.
Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.
Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física do vento: uma costela, o olho..
Mas a forma do vento me fugia que nem as formas de uma voz.
Quando se disse que o vento empurrava a canoa do índio para o barranco
Imaginei um vento pintado de urucum a empurrar a canoa do índio para o barranco.
Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.
Estava quase a desistir quando me lembrei do menino montado no cavalo do vento – que lera em Shakespeare.
Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos prados e com o menino.
Fotografei aquele vento de crinas soltas.

O Punhal

Eu vi uma cigarra atravessada pelo sol – como se um punhal atravessasse o corpo.
Um menino foi, chegou perto da cigarra, e disse que ela nem gemia.
Verifiquei com os meus olhos que o punhal estava atolado no corpo da cigarra
E que ela nem gemia!
Fotografei essa metáfora.
Ao fundo da foto aparece o punhal em brasa.

A Doença

Nunca morei longe do meu país.
Entretanto padeço de lonjuras.
Desde criança minha mãe portava essa doença.
Ela que me transmitiu.
Depois meu pai foi trabalhar num lugar que dava essa doença nas pessoas.
Era um lugar sem nome nem vizinhos.
Diziam que ali era a unha o dedão do pé do fim do mundo.
A gente crescia sem ter outra casa ao lado.
No lugar só constavam pássaros, árvores, o rio e os seus peixes.
Havia cavalos sem freios dentro dos matos cheios
de borboletas nas costas.
O resto era só distância.
A distância seria uma coisa vazia que a gente portava no olho
E que meu pai chamava exílio.

3 Poemas de Paulo Leminski, Do Livro “Toda Poesia”.

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O livro “Toda Poesia”, do escritor curitibano Paulo Leminski, ficou durante várias semanas no topo da lista de best-sellers no Brasil. Algo raro para a nossa poesia, que geralmente não é lida pela grande massa. Mas a mensagem direta e as palavras ágeis de Leminski permitem que o leitor imediatamente se identifique com o seu modo de ver o mundo.
É definitivamente um dos meus livros de poemas favoritos.
Aqui separo 3  deles. Não digo que esses são os melhores poemas do livro, porque quando se trata de Leminski é impossível falar de “alguns melhores”. Mas escolhi esses três, pois foram o que mais falaram a mim como leitora, como pessoa, e como escritora também.
São eles:

1.    Razão de Ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter porquê?

2.    olinda wischral

pessoas deviam poder evaporar
quando quisessem
não deixar por aí
lembranças pedaços carcaças
gotas de sangue caveiras esqueletos
e esses apertos no coração
que não me deixam mentir

3. 

por mais que eu ande
nada em mim imagina
o que é que menina
tão pequena esta fazendo
numa cidade tão grande

Folia Na Literatura: 10 Livros Para Ler na Semana Do Carnaval.

É época de carnaval! Tempo de festas, bebidas, cair na folia, alegria e… só que não! Assim como eu, creio que muitas pessoas não curtem muito essa festança e preferem ficar em casa (aproveitando os 7 dias de flozô para ver todos os filmes indicados ao Oscar ou para simplesmente relaxar com um bom livro no colo) fazendo sua própria festa.
Pensando nesses seres caseiros e tranquilos por natureza, que preferem sua própria companhia do que a de qualquer multidão, preparei uma lista com 10 livros curtos, podendo ser lidos em uma semana, que poderão ser ótimos parceiros de folia
São eles:

1. Aldeia do Silêncio – Frei Betto.

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Em uma aldeia isolada do mundo, um garoto, sua mãe e o avô, ao lado de uma cachorra e um urubu, vivem sob o peso da ausência das palavras. Em uma narrativa poética e emocionante, Frei Betto expõe um mundo silencioso, calmo, e os dilemas causados pela ausência de uma educação e a importância da linguagem oral e escrita na vida das pessoas.

2. Um Teto Todo Seu – Virginia Woolf

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Um ensaio feito por Virginia em 1927, onde a escritora discorre sobre a seguinte pergunta: São raros os livros bem construídos escritos por mulheres por que o sexo feminino não sabe fazer boa literatura ou por que o papel da mulher diante da sociedade a impede, com obrigações e restrições, de ter o tempo e a concentração, que os homens possuem, para construir uma obra literária? Um Teto Todo Seu marcou Virginia Woolf definitivamente como símbolo feminista.

3. Contos de Mentira – Luisa Geisler

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Vencedor de um dos concursos literários mais importantes do país, Contos de Mentira são pequenas histórias, quase como curta-metragem de cinema, que falam sobre todos os tipo de mentiras – de pequenas proporções à enormes proporções – que permeiam a vida de um ser humano. Com ironia e perspicácia, Luisa é capaz de nos impressionar e até fazer com que nos sintamos identificados nesse mundo de mentiras que muitas vezes contamos diariamente e nem percebemos.

4. Charneca em Flor – Florbela Espanca

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Livro de poemas de uma das mais aclamadas poetisas portuguesa. Florbela compõe belíssimos sonetos sobre amor, paixão e saudade nesse livro singelo e maravilhoso que deixam qualquer coração mais durinho suspirando. Livro indicadíssimo para todos os românticos de plantão.

5. Coraline – Neil Gaiman

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Coraline é uma menina cheia de curiosidade que acaba de se mudar para um novo apartamento com os pais. Lá, descobre uma porta trancada na sala de visitas que a leva para um mundo cheio de seres esquisitos e animais com inteligência própria. Um livro infantil que pode meter um certo medo a um adulto não muito corajoso.

6. O Mágico de Oz – L. Frank Baum

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Ao ser arrastada por um furacão de Kansas para uma terra mágica e desconhecida, Dorothy tem como missão encontrar o grande mágico da cidade e pedir que a ajude a retornar à sua casa ao lado de seu adorável cachorrinho Toto. Pelo caminho encontra curiosas figuras como um Espantalho que deseja ter um cérebro, um Homem de Lata que deseja um coração, e um Leão que busca uma grande dose de coragem para seus inúmeros medos, além de ter de fugir da Bruxa Má do Oeste.
Um livro infantil adequado para todas as idades, seja você uma criança de 8 ou de 80 anos.

7. A Seleção – Kierra Cass

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America Singer vive em Illéa, um país jovem e dividido por castas. Realizando um desejo de sua mãe, America entra em um concurso da realeza chamado “A Seleção”, onde moças jovens disputam a chance de ser casar com o príncipe Maxon. O problema é que America não quer ser da realeza e não consegue esquecer do antigo namorado, Aspen, que acredita ser o verdadeiro amor de sua vida.

 

8. Confissão – Paula Pimenta

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Livro de poemas de uma das escritoras mais querida dos adolescentes. Paula é simples e apaixonada em seus versos, que falam sobre amor, relacionamentos, rompimentos e decepções. Ótima opção para quem deseja iniciar nesse mundo maravilhoso que é a poesia.

9.  Passarinha – Katryn Erskine

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Caitlin, uma menininha autista, narra a sua vida após o episódio traumático de perder o irmão mais velho em um tiroteio na escola em que estudava. Através de uma linguagem inocente e uma visão do mundo que só as crianças especiais possuem, Caitlin nos faz sorrir com suas descrições peculiares e sentir um nó na garganta ao perceber quanta dor uma criança tão pequena é capaz de sentir.

10. Fangirl – Rainbow Rowell

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Cath escreve fanfics sobre sua série de livros favorita: Simon Snow. Ela ama tanto os personagens que usa a ficção para esquecer e se afastar do caos do mundo e dos problemas com sua família. Mas seu primeiro ano na faculdade a obrigará a sair da bolha em que se enfiou, principalmente quando a relação com sua irmã gêmea começa a desmoronar completamente e com a chegada de uma pessoa muito especial em sua vida.

10 Incríveis Bibliotecas Ao Redor Do Mundo Para Deixar Qualquer Amante De Livros Babando!

Para todo bom amante de literatura e livros, uma biblioteca é o melhor lugar para se estar. Estantes e mais estantes de clássicos, de edições especiais, toda aquela fileira infinita de livros, que estão à espera do seu toque para revelar um mundo mágico é capaz de preencher nossos corações com a alegria que uma criança sente ao ver à sua frente um enorme e desconhecido parque de diversões. Bibliotecas, sejam elas grandes ou pequenas, são sempre belas aos nossos olhos. Porém, existem certos lugares no mundo que elevam essa beleza a um nível estratosférico, fazendo com que esses enormes e artísticos salões de livros nos pareçam como o verdadeiro paraíso pós morte.
Aqui estão as bibliotecas ao redor do mundo:

1) Biblioteca St.Walburga, da cidade de Zutphen, da Holanda

Library of St. Walburga, Zutphen, Netherland.

2) Biblioteca de University Club, da cidade de Nova York, nos Estados Unidos.

Library from the East, University Club, New York, NY -USA

3) Biblioteca Jose Vasconcelos, Cidade do México, México

Biblioteca Jose Vasconcelos, Cidade do Mèxico, México

4) Biblioteca do Parlamento, Ottawa, Canadá

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5) Bibiloteca Clementinum, em Praga, na República Tcheca

Clementinum, em PRaga

6) Real Gabinete Português, Rio de Janeiro, Brasil

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7) Biblioteca da cidade de Stuttgart, na Alemanha

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8) Biblioteca do Monastério St. Florian, na Austria.

The library of the St. Florian Monastery in Austria

9) Biblioteca St. James, em Paris, na França

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10) Biblioteca da Universidade de Aberdeen, cidade de Aberdeen, Escócia

Universidade de Aberdeen, cidade de Aberdeen, Escócia

3 Poemas de Florbela Espanca, do Livro “Soror Saudade”.

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Floberla Espanca foi uma grande poetisa e escritora portuguesa.
Os poemas abaixo foram retirados do livro “Soror Saudade”, um dos melhores livros que poemas que já li na minha vida. Florbela é doce e intensa, forte e frágil, esperançosa e melancólica, tudo ao mesmo tempo em sonetos que nos provocam infinitos sentimentos.
O livro inteiro é maravilhoso, é leitura recomendadíssima a qualquer leitor que ama um trabalho muito bem feito.

Estes foram os meus poemas favoritos do livro:

Caravelas

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou nesse mundo imenso a exilada.

Tanto tenho aprendido e não sei nada
E as torres de marfím que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!

Se eu sempre fui assim este Mar morto:
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram!

Caravelas doiradas a bailar…
Aí quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!…

Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também… nem eu sei quando…

Nosso mundo

Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno!
Poisando em ti o meu amor eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos…

Os meus sonhos agora são mais vagos…
O teu olhar em mim, hoje, é mais terno…
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e pressagos!

A vida, meu Amor, quer vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la!

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?…
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?…
O mundo, Amor?… As nossas bocas juntas!…