Por trás da porta está minha casa
Minha casa cheia de palavras.
Sou formada por contos, romances
Biografias, ensaios, poesias
E todas, todas essas coisas que
Em alguma biblioteca caberia.
Nasci sendo palavra, mas palavra não posso ser.
Me dizem
“Pequena criança
O mundo não é como você vê!”
Será?
Já enfrentei dragões, percorri longas estradas
Já fui príncipe, já fui princesa
E até vilã de mim mesma.
Já vi muita coisa e muita coisa quis desver.
Já me neguei, me nego
É verdade, ainda me nego
Por causa daqueles que amei.
Por trás da porta está minha casa
Minha casa cheia de palavras.
Não vou mais arrumar os móveis
Esconder as falhas ou para debaixo do tapete varrer
Tudo o que me forma, tudo o que eu preciso ser.
É na bagunça que se faz a escrita.
Não quero mais me esconder.
Eu nasci sendo palavra
E de letras quero morrer.