Eu Vejo Você.

 

 

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Para todos aqueles que conseguem enxergar além.

Olhe para mim. Você me vê?
Me olhe, não tire os olhos… Eu preciso viver.
O mundo está correndo, está correndo sem parar. Eles não estão vendo; não sei por quanto tempo mais poderei aguentar.
Olhe para mim. Você me vê?
O que você vê?
Meu corpo, minha pele, o meu não ser?
Olhe para mim! Me enxergue, me atravesse, não me deixe sumir assim!
O mundo está correndo, está correndo sem parar.
Pessoas, carros, ônibus, trens, barulho, mais pessoas, mais ônibus, mais barulho, mais entulho, mais tudo, mais tudo e mais nada.
O mundo está correndo e permaneço aqui parada.
Por favor, olhe para mim! Me diga, o que você vê?
Eu sou alma, fluidos, matéria, energia, mais fluidos, sentimentos, mais alma, muita alma, tanta alma, tanta, tanta que me perco em meu próprio corpo. Me diga se você me enxerga antes que eu vire sopro!
Sou alguém, sou ninguém, sou outrem, pouco alguém, pouco nada, quase ninguém. Olhe para mim e por favor, por favor, por favor, enxergue mais além!
Por favor, por favor, por favor… Não quero mais ser só pavor!
Olhe para mim.
Isso… simplesmente assim.
Agora estamos aqui frente a frente.
Agora estamos aqui com o olho no olho; permanente.
Junto minhas mãos, ajoelho sobre o chão, pergunto em delicada súplica: “Afinal, o que você vê?”
É quando a salvação me encontra em sua doce réplica: “Eu vejo você.”

Evelyn Marques
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