Escritor 07 – Paulo Leminski

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Paulo Leminski Filho nasceu no dia 24 de Agosto de 1944, em Curitiba. Era neto de poloneses e tinha ascendência negra por parte de mãe. Foi poeta, romancista, professor e tradutor.
Desde pequeno Leminski surpreendeu por seus dons intelectuais, escrevendo poesias já aos 8 anos de idade. Aos 14 anos ingressou no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde aprendeu latim, teologia, filosofia e literatura clássica. No início dos anos 60 começou a estudar japonês. Desistindo da vocação religiosa, foi para Belo Horizonte, para participar da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, e conheceu Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, criadores do movimento Poesia Concreta. Casou-se muito cedo, aos 17 anos de idade, com a artista plástica Neiva Maria de Sousa (da qual se separou em 1968).
Em 1968 casou-se com Alice Ruiz, também, poeta, com quem viveu vinte anos e teve três filhos.
Abandonou o curso de Direito no segundo ano e o de Letras no primeiro ano várias vezes. Sobreviveu como professor de Redação e História em cursinhos pré-vestibulares em Curitiba e também era professor de judô. Leminski foi também um grande divulgador do Haicai no Brasil, uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Em meados dos anos 70 começou a trabalhar com agências de publicidade.
Teve grande contato com cantores da MPB, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Moraes Moreira onde revelou também seus dons para a composição e música. Por ser fluente em várias línguas, traduziu para o português obras de Alfred Jarry, James Joyce, John Fante, John Lennon, Samuel Beckett e Yukio Mishima.
Seu filho Miguel morreu em 1977, aos 10 anos de idade, em função de uma Leucemia e a dor o fez se afogar ainda mais na bebida. Em 1978 foi diagnosticado com problemas no fígado.
O escritor morreu em 1989, aos 44 anos de idade, de cirrose hepática.
Paulo Leminski está tendo bastante destaque no mercado literário ultimamente. Uma coletânea de poemas, chamada “Toda Poesia” ficou durante várias semanas em primeiro lugar na lista de best-sellers nacionais e a editora Companhia das Letras está prestes a lançar o livro intitulado “Vida” uma coletânea de 4 ensaios-biografias sobre Jesus, Trotski, Bashô e Cruz e Souza.

Principais Obras:

Catatau (1975)
Agora É Que São Elas (1984)
Caprichos e Relaxos (1987)
Metamorfose, uma viagem pelo imaginário grego (1994)

Opinião Pessoal: Acho que posso dizer com segurança que Paulo Leminski é o meu poeta favorito. Eu sempre fui mais atraída por romances de forma geral, confesso que nunca liguei muito pra poesia, principalmente porque as clássicas de Cecília Meireles, Carlos Drummond etc., me traumatizavam nas provas de colégio e eu meio que tinha pavor de ver poesia fora de uma folha de prova. Mas foi após conhecer o talento de Leminski que passei a ver a poesia com outros olhos. O cara é simplesmente genial! E é genial porque faz poemas curtos, simples, com palavras que chamam umas às outras o tempo todo, que está nos olhos da maioria dos humanos, mas só Leminski consegue reuni-las em um poema. Não posso falar muito de suas obras mais extensas como Catatau e Agora É Que São Elas, pois nunca as li, mas eu poderia ficar até amanhã descrevendo de inúmeras formas o quanto a poesia de Leminski é perfeita – ante meus olhos – e o quanto todo mundo deveria ter contato com este poeta tão extraordinário.
Restaurei minha fé na humanidade quando vi que Toda Poesia não saía dos best-sellers nacionais, principalmente por ser um livro de poesia, que é muito mais difícil de se vender do que um romance, e também porque bateu o sucesso pop “50 Tons de Cinza”. Leminski é tão simples e humano que sua poesia chega simples e clara a qualquer pessoa e me atrevo até a dizer que é impossível alguém não gostar de pelo menos uma poesia sua. Com seu tom sarcástico, a facilidade em juntar palavras, o seu dom de dizer muito com tão pouco, Leminski conquista cada vez mais fãs no Brasil, e é uma ótima porta para pessoas que, assim como eu, tem/tinha preconceitos com poesia, seja por qualquer motivo.
Leminski me inspirou a escrever poemas (que eu tenho a plena noção que é a parte da escrita onde sou mais propícia a erros já que, como disse, meu contato com a poesia é muito recente) e eu me divirto muito em fazê-los! Graças a ele, pude ampliar meus horizontes e hoje já leio Manuel Bandeira, Cecília Meireles etc., e espero poder aprender cada vez mais com esses mestres em função de evoluir meu próprio trabalho, seja na área da poesia ou até mesmo com meus romances.
Como a maioria dos gênios, Leminski foi-se muito cedo e fico me perguntando quantos e quantos poemas fantásticos teríamos hoje em dia se ainda estivesse vivo, principalmente se visse a situação do Brasil de atualmente.
Espero que as editoras continuem relançando suas obras, seja em coletâneas de poesias ou seus romances, para que um público maior tenha mais acesso à sua genialidade e que as pessoas possam, assim como eu, se inspirarem e se apaixonarem por este escritor versátil e inteligentíssimo que, mesmo já não mais entre nós, ainda tem muito o que dizer.
Abaixo deixo um poema de Leminski.

A LUA FOI AO CINEMA

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
– Amanheça, por favor!

Evelyn Marques
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3 comments / Add your comment below

  1. Confesso que quando fui lendo, já pensei iiih o poema desse cara deve ser daqueles que você tem que parar, ler mais uma vez, para sacar o que ele quer passar, porque também só lendo o começo você já entende que o cara é supeeer inteligente, mas aí você diz que quem tem preoconceitos com poesia deve ter contado com Leminski então chego no poema e tudo que você disse é verdade, pelo menos, tirando desse poema que achei ele tão fooofooo!!!! Adoreii!!

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