A Essência Do Livro.

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Escrito por Karine Pansa, Presidenta da Câmara Brasileira do Livro. Texto publicado no jornal O Dia.

No transcurso dos 50 anos do golpe militar de 1964, é fundamental reafirmar os valores da democracia e dos direitos individuais e coletivos. Importante relembrar que a reconquista da liberdade resultou na mobilização cívica e ordeira da população brasileira, marcadamente na Campanha das Diretas Já!, em 1984, cujo 30º aniversário devemos comemorar com alegria e a certeza de que se tratou de um dos mais importantes movimentos políticos de nossa história.
Para os empresários e profissionais que atuam no mercado editorial, a democracia, sintetizada na liberdade de expressão, é a principal essência do trabalho. Livros, sejam na sua forma tradicional e imortal de papel, ou nos contemporâneos leitores eletrônicos, incluem-se entre as principais mídias do conhecimento. Trata-se de algo que informa, ensina, amplia a cultura, diverte, propicia análises da realidade e contribui para que as pessoas tenham visão de mundo mais crítica, consciente e engajada.
Nada disso é possível sem plena liberdade de expressão. Calar o livro, assim como a imprensa, de maneira como ocorreu no Brasil e em tantas outras ditaduras, é um dos maiores atentados à civilização e ao direito inato do ser humano de aprender, saber, informar-se e desenvolver juízo de valores sobre os seus espaços e seu ambiente social, econômico e político. Assim, na lembrança dos 50 anos do golpe que ceifou todos esses direitos dos brasileiros, é pertinente ressaltar a liberdade de expressão como essência do livro e prerrogativa inalienável de todos os que trabalham para que a leitura seja um dos vetores do desenvolvimento.
A Câmara Brasileira do Livro vem trabalhando muito para ampliar o acesso da população à leitura. Nesse sentido, realiza a Bienal Internacional do Livro em São Paulo. Também apoia feiras pelo país e, em todas as frentes, estimula e promove o hábito de ler, como ocorre com o Prêmio Jabuti, o mais importante do setor editorial brasileiro, que coloca o livro nacional num elevado patamar de visibilidade perante a opinião pública.
Reiteramos a crença de que o livro, livre como pensamento humano, contribuirá cada vez mais para que os brasileiros consolidem uma nação economicamente desenvolvida, socialmente justa, ambiental e politicamente correta, pluralista, tolerante e avançada no exercício e no equilíbrio entre direitos e deveres. Por isso, reverenciamos a democracia, a maior conquista de nossa sociedade!

Evelyn Marques
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