“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
– Nelson Mandela
Ao ouvir a notícia da morte de Nelson Mandela nos jornais televisivos ontem à noite, lágrimas invadiram meus olhos. Já era de se esperar que algo assim acontecesse, dada à sua idade avançada e sua saúde debilitada desde a época do exílio. Ainda assim, todos recebemos a notícia com muita tristeza.
Não sou negra e nem sul-africana e acho que nem é necessário o ser para admirar este grande homem que nos deixou neste 5 de dezembro. Seu carisma, seu senso de justiça, toda a sua história de vida, digna de um filme de Hollywood, o fez ídolo entre pessoas de todas as raças, tribos e dos mais diferentes lugares.
Eu admiro muita gente. Sou quase uma colecionadora de ídolos. Amor ler biografias e saber mais sobre a vida de certos líderes, sejam políticos, religiosos, artísticos, etc. Nelson Mandela seguramente figurava entre os primeiros lugares desta minha “lista”. Fui conhecer sua história mais a fundo após o filme “Invictus” e desde então procurei saber mais sobre o ex-presidente da África do Sul. Para quem não conhece sua trajetória, aqui vai um pequeníssimo resumo: Desde jovem, Nelson Mandela mostrou-se insatisfeito com o abuso físico e mental que os brancos faziam sobre os negros na antiga África do Sul. Envolveu-se em seguidos movimentos estudantis até virar líder na luta contra o Apartheid (regime de segregação racial que durou de 1948 a 1994) e em 1964 foi preso e condenado à prisão perpétua por “conspirar” contra o governo. Passou 27 em cárcere, sujeito a trabalhos pesadíssimos, sem qualquer comunicação do lado de fora, sendo proibido de ler jornais ou até mesmo ouvir rádio. Porém, Mandela sabia que para se combater um inimigo, é necessário conhecê-lo primeiro. Sendo assim, fez questão de estudar e aprender o africâner, língua falada pelos brancos sul africanos, e tudo o que podia sobre o rugby, esporte favorito dos mesmos. Foi solto em 1990 e o que aconteceu depois todo mundo sabe: tornou-se não só o presidente da África do Sul, mas alguém admirado por todo o mundo.
Sua humildade é uma das características que mais admiro. Eu desconfio de qualquer líder que seja vaidoso e orgulhoso, colocando sua imagem e seus caprichos à frente da opinião do povo que este represente. Não me refiro só a lideres políticos, religiosos ou outros. Me refiro a qualquer pessoa que represente um determinado grupo. Antes de ser amado ou odiado, o líder deve ser respeitado. E o respeito só é possível quando é uma via de mão-dupla. Nelson Mandela tinha a plena noção disso. Desde o momento em que se tornou presidente, ele nunca se colocou acima de qualquer pessoa, seja esta negra, branca ou de qualquer outra raça ou tribo. Naquele lugar, ele não representava só o direito dos negros, que a muito custo o conseguiram, mas também dos brancos, pois estes também faziam parte da nação. Não seria lindo que os nossos políticos (e os de outros países também) usassem Mandela como exemplo e entendessem que não estão onde estão por um acaso do destino, mas por que o povo os colocou ali e eles têm a obrigação de nos representar? Infelizmente não é isso o que vemos.
O corpo de Mandela se foi, mas sua memória, sua história, sua alma continuará pairando sobre este globo por milênios. Que ele sempre seja um exemplo de aceitação, humildade, paciência e perseverança. Que suas palavras permaneçam em nossas mentes, em nossos corações, inspirando-nos a acreditarmos, não só em nós mesmos, mas em um planeta melhor, onde todos possam se respeitar como um único ser humano que somos, independente de raças, crenças, tribos, país etc. E que seu nome esteja sempre presente em nossos lábios como símbolo de lutas incessantes contra as adversidades e as muitas injustiças que ainda existem por aqui.
Que descanse em paz, Madiba.
Ps: Quem se interessa ou gosta de ler biografias, não deixem de comprar alguns dos muitos relatos sobre Mandela pelas livrarias. Para quem quiser sanar rapidamente a curiosidade, procure a sua história pelo Google. Garanto que será uma leitura enriquecedora.
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