“A vida de artista é uma vida de risco, incerteza e quase sempre se pobreza. Mas não a escolhemos, ao contrário, é ela quem escolhe você.” – Marina, Carlos Ruiz Zafón.
Tirei as 2 últimas semanas off para refletir bastante sobre os rumos da minha vida e por que faço o que faço. Está sendo bem difícil para mim postar na frequência que as redes sociais pedem para que meu conteúdo tenha um mínimo de entrega, enquanto ainda tenho uma loja também online para cuidar e outros trabalhos paralelos que faço e projetos que ainda pretendo divulgar. Percebi que estava fazendo mil coisas ao mesmo tempo e achando todas horríveis, porque não conseguia focar ou me preparar para fazer um bom trabalho. A ansiedade começou a voltar, a gastrite – mesmo com remédio – continuou incomodando e precisei largar tudo e olhar para o que estava fazendo e como conseguir administrar o meu trabalho com a minha saúde física e mental.
Honestamente, pensei muito “por que ainda estou insistindo nisso?”, em relação a minha escrita e a “carreira” de escritora. Com certeza é o trabalho que me dá menos rendimento e audiência, por assim dizer. É tanta conta pra pagar, tanta coisa pra administrar e me perguntei se o mundo em que vivemos ainda nos dá espaço e tempo para realizarmos nossos sonhos. Estou escrevendo cada vez menos e focando naquilo que realmente me paga algum dinheiro e acabou que isso aqui ficou largado, o que acaba de vez com todo o trabalho de formiga que tento fazer pra chamar alguma atenção do algoritmo e, como consequência, de vocês também. E sinceramente, estou muito, muito cansada de redes sociais e essa loucura de tentar perseguir sozinha uma atenção que este lugar nunca vai me dar, pois realmente não nasci pra ser influencer de nada e tampouco consigo ter algum foco para produzir postagens diárias, que chamem alguma atenção nessa tsunami de informações com as quais somos bombardeados todos os dias.
Esse texto é pra dizer que vou fechar tudo, desistir e seguir uma vida normal? Queria eu que fosse rs mas não consigo. Mesmo. Não consigo fingir que não sou escritora 24 horas por dia e que a escrita é tudo o que sou, que é minha própria identidade.
Após essas duas semanas, eu tive ainda mais certeza de que escritora é o que sou, independente de outros trabalhos que possa a vir fazer, e mais do que querer, eu simplesmente não consigo parar de ser. Sou escritora enquanto estou no ônibus buscando em minha cabeças rimas para um poema perfeito, sou escritora quando ouço uma música e imediatamente imagino um conto com início meio e fim pra ela, sou escritora quando não consigo dormir a noite porque diálogos começam a surgir do nada em minha cabeça e eu preciso levantar, pegar um caderno e escrever senão essas vozes não me deixem em paz (talvez eu tenha alguma esquizofrenia não diagnosticada, mas aí é com a minha terapeuta). Estou num momento em que não tenho certeza de quase nada da minha vida, tudo o que dei um dia como certo hoje em dia não faz mais sentido, meu maior sonho deu errado e eu me vi sem chão, não sei pra onde ir, não sei como seguir e eu vou fazer 32 anos sem saber qual passo eu darei amanhã. Mas se tem uma certeza, uma única certeza que eu possuo nesta areia movediça que eu chamo de vida é que eu NASCI para contar histórias. E não há qualquer possibilidade de eu viver de outra maneira que não seja escrevendo.
Talvez eu nunca consiga a audiência com a qual sonho, talvez eu vá morrer sem ter meu nome reconhecido, talvez eu não ganhe um centavo com isso e seja obrigada a focar em outros trabalhos na minha vida, mas eu sempre vou estar escrevendo, vou sempre estar contando histórias para quem quiser ouvi-las. Porque entendi que não faço isso pelos outros, não faço isso pra ser famosa, não faço isso por ninguém. Eu ainda faço isso, eu ainda insisto nisso por mim. E eu não vou desistir de mim. Nunca.
Então talvez eu não poste todos os dias, não tenha muita coisa pra contar no período de uma semana, com certeza serei ignorada pelos algoritmos das redes sociais e terei duas curtidas em cada post. Mas quando vocês quiserem, quando desejarem ouvir ou ler uma boa história, eu estarei aqui para contá-las, eu estarei aqui escrevendo ou narrando personagens que não são nada além de um reflexo de nós mesmos. E quem sabe, assim como eu, vocês também não conseguem encontrar o caminho de volta para casa através deles?
Esse texto é pra dizer que às vezes eu vou precisar estar ausente, mas que eu nunca fui embora, eu nunca vou embora. Eu estou aqui e eu vou ficar. E agradeço muito, muito mesmo, quem desejar ficar comigo também! <3
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