Sofro de um “transtorno” que costumo chamar de “Síndrome de Hermione Granger”. Eu tenho, creio que desde nova, a mania de querer ser boa em tudo, saber de todos os assuntos, fazer bem todas as coisas e tenho a obsessão de ser reconhecida como inteligente. Só que de uns tempos pra cá eu tenho percebido o quanto isso é nocivo e o quanto também mascara uma profunda sensação de insuficiência dentro de mim. A gente sempre escuta aquela máxima de que perfeição não existe, mas vamos combinar que o mundo não é muito gentil com quem costuma demonstrar seus defeitos.
Eu escrevo desde os meus quinze anos, mas sempre adiei colocar minhas palavras do mundo, além do nicho que criei pra mim no Orkut, pois precisa estar “pronta” para fazê-lo. Precisava ser boa o bastante para estar nesse meio literário de gente tão incrível e não podia ficar pra trás. Como consequência, quinze anos se passaram e tirando uns textos e poemas que publicava mensalmente no Sonhos de Letras, me vi com 30 anos e sem publicar nada de fato. Só que o Universo sempre tem aquele seu jeitinho doce como o coice de um cavalo de colocar a gente no devido lugar e acabei me vendo praticamente obrigada a lançar minhas coisas por motivos de 1) atingi o pré-sal do desespero financeiro e 2) os cabelos brancos começaram a me avisar que eu não estava ficando mais jovem, muito pelo contrário.
O tempo passa e passa rápido demais, mesmo quando à nossa frente nada parece estar se movendo. A gente só tem uma vida (e olha que acredito em reencarnação, but still) e se não realizarmos nossos sonhos agora, quando iremos fazê-lo?
Este ano estou trabalhando 100% em divulgar minhas coisas e criando projetos que nunca pensei ser capaz. Fala pra Evelyn de 2019 que um dia ela vai ter um canal no YouTube e com certeza ela irá rir na sua cara e te mandar pro psiquiatra. Mas é isso, 2023 chegou e eu tenho um canal no YouTube, apesar do medo do fracasso, apesar de fazer tudo sozinha e com minha experiência autodidata de edição de vídeos, eu tenho um canal no YouTube. E sinceramente? Acho isso incrível!
Não pelo meu trabalho ser excepcional – minha síndrome jamais me permite achar qualquer coisa minha excepcional – mas por estar desafiando meu perfeccionismo e estar colocando meu trabalho no mundo, mesmo ele sendo bem imperfeito. Olhar pra isso me permite ver que é melhor estar fazendo alguma coisa, ainda que com tropeços e cheio de defeitos, do que passar quinze anos em busca de uma perfeição que nunca vai chegar.
Quem tem boas condições financeiras pode ter o privilégio de criar uma equipe de especialistas que irão ajudar a aparar as arestas de um determinado trabalho e pode ser que esse trabalho chegue perto da perfeição. Mas como esse não é o meu caso e tudo o que vocês veem tanto no Instagram, como no Sonhos de Letras, como no YouTube é 100% feito por mim, é impossível não deixar passar alguns (muitos!) erros e, apesar de sentir uma faca girar em meu estômago cada vez que encontro algum tipo de equívoco no meu trabalho (e eu encontro toda hora!), preciso lembrar que não sou Hermione Granger e que até mesmo ela tinha suas imperfeições. Fazendo tanta coisa ao mesmo tempo é impossível não deixar passar nada. E só me resta aceitar e seguir caminhando com o trabalho que eu acredito que tenho para mostrar ao mundo e que espero, do fundo do meu coração, que um dia faça a diferença na vida de alguém.
Obrigada ao guerreiro que leu esse texto até aqui num mundo onde um parágrafo virou textão, mas eu só funciono assim. E sigo aqui, tentando trazer o melhor de mim para vocês, mesmo sabendo que esse melhor podia ser beeeeem melhor.
(Ainda bem que amanhã tenho terapia rs!)
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