“O Sol E O Peixe”, da escritora inglesa Virginia Woolf, foi lançado no ano passado pela editora Autêntica. O livro reúne alguns dos textos mais brilhantes e poéticos que Virginia já escreveu.
Como tudo o que Virginia escreve, os textos me tocaram, provocaram-me grandes reflexões acerca dos variados assuntos abordados no livro e me ensinaram muitas coisas sobre a arte da escrita.
Aqui compartilho com vocês os 9 trechos que marcaram esta maravilhosa leitura:
1 – “Pois, para além da dificuldade de comunicar aquilo que se é, há a suprema dificuldade de ser aquilo que se é. Esta alma, ou a vida dentro de nós, não combina absolutamente com a vida fora de nós.”
2 – “Conforme-se uma vez, faça uma vez o que outras pessoas fazem porque elas o fazem, e uma letargia toma conta, lentamente, de todos os nervos e todas as capacidades mais delicadas da alma. Ela se torna toda espetáculo e vazio exterior; embotada, insensível e indiferente.”
3 – “Deixemo-nos fervilhar sobre o nosso incalculável caldeirão, nossa enfeitiçadora confusão, nossa miscelânea de impulsos, nosso perpétuo milagre – pois a alma vomita maravilhas a cada segundo.”
4 – “ Ler o que a gente gostava porque gostava, nunca para fazer de conta que admirava o que a gente não admirava – esta era a sua única lição sobre a arte da leitura. Escrever com o mínimo possível de palavras, tão claramente quanto possível, exatamente o que se queria dizer – esta era sua única lição sobre a arte da escrita.”
5 – “Quando o dia do juízo final chegar e todos os segredos forem revelados, não devemos ficar surpresos ao saber que a razão pela qual evoluímos do macaco ao homem, e deixamos nossas cavernas e depusemos nossos arcos e flechas e sentamos ao redor do fogo e conversamos e demos aos pobres e ajudamos os doentes, a razão pela qual construímos, partindo da aridez do deserto e dos emaranhados da floresta, abrigos e sociedades, é simplesmente esta: nós desenvolvemos a paixão da leitura.”
6 – “Livros usados são livros à solta, livros sem teto; eles se juntaram em vastos bandos de plumagem mesclada, e têm um encanto que os livros da biblioteca não têm. Além disso, nessa aleatória e heterogênea companhia, podemos dar de cara com algum completo estranho que, com sorte, se tornará o melhor amigo que temos no mundo.”
7 – “Não conhecemos a nossa própria alma e muito menos a dos outros. Os seres humanos não vão de mãos dadas por toda a extensão do caminho. Há, em cada um de nós, uma floresta virgem, emaranhada, inexplorada; um campo nevado onde não se veem nem pegadas de pássaros.”
8 – “Podemos com certeza dizer que um escritor cuja escrita apela principalmente ao olho é um mau escritor; que se, ao narrar, digamos, um encontro num jardim, ele descreve rosas, lírios, cravos e sombras na grama, de maneira que possamos vê-los, mas deixa que deles se infiram ideias, motivos, impulsos e emoções, é porque ele é incapaz de usar seu meio para os propósitos para os quais ele foi criado e, como escritor, um homem sem pernas.”
9 – “Nada existe desnecessariamente. Os próprios peixes parecem ter sido moldados deliberadamente e ter escapulido para o mundo apenas para serem eles mesmos. Não trabalham nem choram. Na sua forma está sua razão. Pois para que outro propósito, a não ser o suficiente de uma perfeita existência, podem eles ter sido assim feitos, alguns tão redondos, outros tão finos, alguns com barbatanas radiantes no dorso, alguns blindados por uma carapaça azul, alguns dotados de garras prodigiosas, alguns escandalosamente orlados com bigodes enormes? Empregou-se mais cuidado com uma meia dúzia de peixes do que com as raças da humanidade.”
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