13 – Ser Gorda Não É Pecado.

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Não sou a primeira e com certeza não serei a última a falar sobre o culto excessivo ao corpo. Contudo, esse é um assunto que nunca sai de moda e acredito que é sempre bom debater sobre essa questão que há muitos anos vem, de uma maneira ou de outra, acabando com a vida de muita gente.
Me considero uma pessoa viciada em notícias. Diariamente estou visitando os principais sites de jornais e sempre que a TV está ligada, nunca deixo de colocar rapidinho em algum telejornal só para ver sobre o que estão falando. E é impossível deixar de perceber o quanto a ideia de que “a felicidade é sinônimo de magreza” é imposta de maneira opressora sobre nossas cabeças. Principalmente em sites onde a seção de fofocas é posta em evidência, é impossível fugir de títulos como “Fulana mostra as celulites em ensaio fotográfico” ou “Fulano mostra a barriga protuberante em dia na praia”. Isso quando não aparecem matérias sobre “Como conseguir uma barriga negativa em 15 dias!” ou coisa pior por aí.
É muito triste ver amigas minhas pegando gordurinhas mínimas em suas barrigas para encher a boca e dizerem o quanto estão GORDAS, assim mesmo, no caps lock, porque é como a palavra soa para mim. As cinco letras vêm cheias de ódio e repulsa em relação ao próprio corpo e, mesmo que eu fale o quanto elas são lindas e que estão ótimas, elas sempre voltam para aquela dieta de líquidos que vai eliminar aquele “horrendo” tecido adiposo.
A sociedade transformou o corpo da mulher num manequim. Ou pior! Outro dia, no shopping com uma amiga, percebemos que um vestido exposto na vitrine de uma loja estava justíssimo no manequim! Se o boneco tivesse uma boca de verdade para falar, garanto que estaria gritando algo como: “ME TIREM DAQUI, POR FAVOR! ESTOU SUFOCANDO!” porque era exatamente o que roupa estava fazendo. Agora imaginem uma roupa assim no corpo de uma mulher?
Somos rotuladas pelo número de nossas vestimentas, nossa felicidade depende se uma roupa coube em nós ou não. Não podemos comer chocolate, porque engorda. Pizza? Nem pensar! Em uma confraternização com amigos, só um peitinho de frango com salada e olhe lá! Se por acaso uma de nós sai da dieta e come uma lasanha inteira no almoço, num momento de vulnerabilidade e estresse, isso vira uma dor de cabeça para o mês inteiro. Retornamos rapidamente à dieta, planejamos cardápios mais magros e comemos cada vez menos. Quando reencontramos um familiar ou amigo (sem noção, diga-se de passagem), não é difícil ouvir um “nossa, você engordou, hein!” carregado de veneno e julgamento, como se isso ferisse a cartilha de moral e bons costumes.
Eu só quero saber quando, em que momento dessa sociedade que beira à doença mental, determinou que ser gorda é pecado. Que é algo ruim, que estar um pouquinho acima do peso só vai lhe trazer azar, infelicidade eterna e impedir que você atravesse os portões do paraíso. Que é algo tão nojento e repugnante que é capaz de fazer uma pessoa chegar à extremas conseqüências para conseguir o corpo da Candice Swanepoel. Porque, claro, imagino que a Candice não tenha nenhum problema na vida ou traumas que a impedem dormir à noite. Porque ela é “perfeita”, tem uma barriga negativa. E pessoas perfeitas não têm dessas coisas.
Vejam bem: eu não estou dizendo para todo mundo sair comprando 500 barras de chocolate e freqüentar rodízios todo o fim de semana. Também não estou dizendo que comer salada com peito de frango é coisa de gente doida ou ruim para alguém. Saúde SEMPRE deve estar em primeiro lugar. Uma pessoa acima do peso com certeza tem que fazer dieta e exercícios para manter-se saudável, colesterol e glicose são coisas seríssimas, é preciso tomar muito cuidado. O abuso sempre é um equívoco. O que me incomoda é essa ideia absurda de que você ou o seu corpo não valem absolutamente nada se não se enquadrarem em determinadas medidas. É ouvir piadinhas sem graça sobre as gordurinhas de alguém, sobre o peso de alguém. É ver as lojas venderem cada vez roupas menores que nem mais nos manequins estão cabendo! Nos filmes, os protagonistas sempre são magros e alcançam o seu final feliz. Nos livros de romance, a mulher esguia sempre encontra o príncipe encantado (que também é magro!) e é feliz por toda a eternidade. Quantas vezes vocês leram um livro ou viram um filme onde os protagonistas são no máximo “gordinhos”? Pois é…
Garotas coloquem uma coisa na cabeça de vocês: Ser gorda não é pecado. Não é nojento, não é errado. É normal ter gordurinhas, você é humana, você é mulher! Suas ações, suas atitudes, suas escolhas definem você, não o número que aparece quando seus pés pisam sobre uma balança. É permitido comer um cupcake, uma torta de limão, uma pizza de vez em quando. Você não vai engordar 3 kg porque almoçou uma boa macarronada na casa da sua tia num domingo em família. Se algumas pessoas vão deixar de gostar de você porque seu corpo não entra mais naquele vestido PP, me diga: o que você ainda está fazendo perto desse tipo de gente? É realmente isso que deseja para toda a sua vida?
Pessoas felizes são aquelas que se amam, que amam os outros, que espalham alegrias às pessoas, aos animais, à natureza, independente de quanto pesam. Ter uma barriga negativa não segura homem, não segura emprego, não segura felicidade, não segura nada. Do contrário, não veríamos lindas atrizes e modelos, com o corpo ideal, afundadas em drogas em batendo ponto em clínicas de reabilitação ao menos uma vez por ano.
Parem de olhar o reflexo no espelho com obsessão e passem a observar todas as coisas que o mundo tem a oferecer. Parem de se sentir culpadas por ter um corpo diferente, por pesar 2 ou 3 kg a mais que suas amigas. Pecado é odiar a si mesma quando você tem tantas, mas tantas coisas a oferecer ao mundo. As melhores pessoas – aquelas que devemos levar para toda a vida – te amarão pela sua essência, pela sua alma, não pelo seu corpo.
Façam um favor a si mesmas e passem a amar-se. Tirem esse peso das costas, essa doença da cabeça. Porque se vocês não se amarem primeiro, é verdade que ninguém mais vai fazer isso por vocês.
Pensem nisso 😉

Evelyn Marques
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